quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Regresso de Chesterton


                         O Regresso de G. K. Chesterton


 

     Escritor inglês falecido em 1936, Chesterton, embora nunca tenha visitado o nosso país, foi conhecido entre nós a partir dos seus livros, alguns enriquecidos com notáveis prefácios, de admiradores e leitores devotos. Sendo considerado hoje um dos maiores escritores do século XX, é para muitos o escritor e pensador que melhor nos pode ajudar a compreender este nosso século, cheio de contradições e de erros palmares. Os seus livros, mesmo aqueles que resultam da compilação de artigos enviados para jornais ou revistas, ao sabor dos tempos – e talvez por isso mesmo-, abrem-nos imensas pistas de reflexão e de estudo e apresentam, no início de este século confuso e esclerosado, uma extraordinária lufada de ar fresco, plena de fé e de inolvidável humor chestertoniano. É, pois, um autor a ler e a reler. Sempre com renovado prazer e ainda maior proveito.

     De facto, se os primeiros livros publicados entre nós se encontram há muito esgotados, temos assistido ao aparecimento de novas edições e, até, a edições de livros que nunca tinham sido publicados em Portugal. É certo que ainda faltam alguns que são fundamentais, bem assim como biografias que situem devidamente G. K. Chesterton, quer o autor, quer a sua vasta obra, e que existem em inglês e noutras línguas. Mas lá chegaremos, certamente, sobretudo agora quando se vê, da parte de algumas editoras e do público leitor, atento e culto, uma nova apetência pela sua vida e a sua obra.

      Penso que foram Os Paradoxos de Mr. Pond o primeiro livro que foi editado em Portugal, numa tradução de Álvaro Soeiro e António Freire, pelas Edições Sírius, em 1942. Abre com uma nota do editor e o capítulo inicial é o extraordinário e famoso conto Os três Cavaleiros do Apocalipse que tanto impressionou J. L. Borges, como, aliás, tantos dos seus inúmeros leitores, e que o escritor argentino reuniu num livro dedicado a G. K. Chesterton na sua Biblioteca de Babel, volume já publicado entre nós neste século pela Editorial Presença (que publicou igualmente há poucos anos uma edição de O homem que era quinta-feira). Surgiram depois outras obras paradigmáticas do grande escritor inglês, como O homem que era quinta-feira (Portugália Editora), S. Tomás de Aquino (Livraria Cruz, Braga), Ortodoxia (Livraria Tavares Martins, Porto), Disparates do Mundo e Autobiografia (Livraria Moraes, Lisboa), As aventuras do Padre Brown (Publicações Europa-América, que editou também uma edição de bolso de O homem que era quinta-feira). A Editorial Aster, publicou, ainda no século passado, uma interessante novela A Estalagem Volante A Assírio Alvim editou uma antologia de contos do famoso padre detective,  há poucos anos, e a conhecida colecção Vampiro (número 493), da Livros do Brasil, O clube dos negócios estranhos. A Livraria Civilização, do Porto, fez uma nova edição de uma obra de indiscutível referência para qualquer tomista interessado e estudioso, como é São Tomás de Aquino e as Edições Diel, de Lisboa, republicaram Disparates do Mundo e Autobiografia.

      Mas foi, sem dúvida, a Alêtheia Editores que “tomou conta” – e ainda bem- de G. K. Chesterton e o tem vindo a dar a conhecer às gerações mais novas, e às gerações mais velhas que sabem manter o espírito novo, editando novas obras ou reeditando as fundamentais, num esforço editorial que é de boa justiça louvar e urge apoiar, lendo e relendo este Autor que anima o espírito e reconforta a alma. Foram assim editadas as seguintes obras – a que outras certamente se seguirão – e que não podem faltar numa biblioteca digna de esse nome: O Homem Eterno, Ortodoxia, Tremendas Trivialidades, A Inocência do Padre Brown, O Homem que era Quinta-Feira, São Tomás de Aquino.

     Por aqui se vê que Portugal é também sensível à excepcional força cultural de este escritor que cada vez mais dá origem a imensas publicações, teses de doutoramento, congressos e estudos sérios e aprofundados em quase todos os países, sejam ou não de língua inglesa ou de matriz católica.

                                                    António Leite da Costa

    

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário