O Regresso de G. K.
Chesterton
Escritor inglês falecido em 1936,
Chesterton, embora nunca tenha visitado o nosso país, foi conhecido entre nós a
partir dos seus livros, alguns enriquecidos com notáveis prefácios, de
admiradores e leitores devotos. Sendo considerado hoje um dos maiores
escritores do século XX, é para muitos o escritor e pensador que melhor nos
pode ajudar a compreender este nosso século, cheio de contradições e de erros
palmares. Os seus livros, mesmo aqueles que resultam da compilação de artigos
enviados para jornais ou revistas, ao sabor dos tempos – e talvez por isso
mesmo-, abrem-nos imensas pistas de reflexão e de estudo e apresentam, no
início de este século confuso e esclerosado, uma extraordinária lufada de ar
fresco, plena de fé e de inolvidável humor chestertoniano. É, pois, um autor a
ler e a reler. Sempre com renovado prazer e ainda maior proveito.
De facto, se os primeiros livros publicados
entre nós se encontram há muito esgotados, temos assistido ao aparecimento de
novas edições e, até, a edições de livros que nunca tinham sido publicados em
Portugal. É certo que ainda faltam alguns que são fundamentais, bem assim como
biografias que situem devidamente G. K. Chesterton, quer o autor, quer a sua
vasta obra, e que existem em inglês e noutras línguas. Mas lá chegaremos,
certamente, sobretudo agora quando se vê, da parte de algumas editoras e do
público leitor, atento e culto, uma nova apetência pela sua vida e a sua obra.
Penso que foram Os Paradoxos de Mr. Pond
o primeiro livro que foi editado em Portugal, numa tradução de Álvaro Soeiro e
António Freire, pelas Edições Sírius, em 1942. Abre com uma nota do editor e o
capítulo inicial é o extraordinário e famoso conto Os três Cavaleiros do Apocalipse que tanto impressionou J. L.
Borges, como, aliás, tantos dos seus inúmeros leitores, e que o escritor
argentino reuniu num livro dedicado a G. K. Chesterton na sua Biblioteca de Babel, volume já publicado
entre nós neste século pela Editorial Presença (que publicou igualmente há
poucos anos uma edição de O homem que
era quinta-feira). Surgiram depois outras obras paradigmáticas do grande
escritor inglês, como O homem que era
quinta-feira (Portugália Editora), S.
Tomás de Aquino (Livraria Cruz, Braga), Ortodoxia (Livraria Tavares Martins, Porto), Disparates do Mundo e Autobiografia
(Livraria Moraes, Lisboa), As aventuras
do Padre Brown (Publicações Europa-América, que editou também uma edição de
bolso de O homem que era quinta-feira).
A Editorial Aster, publicou, ainda no século passado, uma interessante novela A Estalagem Volante A Assírio Alvim
editou uma antologia de contos do famoso padre detective, há poucos anos, e a conhecida colecção Vampiro (número 493), da Livros do
Brasil, O clube dos negócios estranhos.
A Livraria Civilização, do Porto, fez uma nova edição de uma obra de
indiscutível referência para qualquer tomista interessado e estudioso, como é São Tomás de Aquino e as Edições Diel,
de Lisboa, republicaram Disparates do
Mundo e Autobiografia.
Mas foi, sem dúvida, a Alêtheia Editores
que “tomou conta” – e ainda bem- de G. K. Chesterton e o tem vindo a dar a
conhecer às gerações mais novas, e às gerações mais velhas que sabem manter o
espírito novo, editando novas obras ou reeditando as fundamentais, num esforço
editorial que é de boa justiça louvar e urge apoiar, lendo e relendo este Autor
que anima o espírito e reconforta a alma. Foram assim editadas as seguintes
obras – a que outras certamente se seguirão – e que não podem faltar numa
biblioteca digna de esse nome: O Homem
Eterno, Ortodoxia, Tremendas Trivialidades, A Inocência do Padre Brown, O Homem que era Quinta-Feira, São Tomás de Aquino.
Por
aqui se vê que Portugal é também sensível à excepcional força cultural de este
escritor que cada vez mais dá origem a imensas publicações, teses de
doutoramento, congressos e estudos sérios e aprofundados em quase todos os
países, sejam ou não de língua inglesa ou de matriz católica.
António Leite da Costa
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