"A
pessoa mais extraordinária que a raça humana já produziu", Mark Twain
Santa Joana nasceu em 1412, em Domrémy, na região de Lorena,
França. Foi a quinta filha dos
camponeses Jacques D’Arc e Isabeu Romée e foi
baptizada com o nome de Jehanne D'Arc. Santa Joana teve uma infância feliz, tendo demonstrado desde cedo uma grande devoção, piedade e caridade, que a
levavam a ceder a sua cama quando pela aldeia passavam viajantes. Apesar de ter
tido uma infância feliz, Santa Joana viveu também as dificuldades associadas à
instabilidade em que a França vivia e que se relacionavam com a Guerra dos 100
anos e com conflitos internos1. Devido a esta situação, por
morte de Carlos VI em 1422, tanto Henrique VI de Inglaterra como
o Delfim Carlos foram proclamados reis de França. Porém, cerca de dois terços do
reino obedeciam ao rei inglês. A região de Reims,
em cuja catedral os reis de França eram tradicionalmente coroados, era
controlada pelos ingleses, o que impedia a coroação do Delfim que se encontrava sem
ser coroado e sem poder. Domrémy encontrava-se na fronteira das duas Franças: a governada
pelo rei inglês Henrique VI, e a governada pelo príncipe-herdeiro Carlos
VII e, apesar de ter sofrido ataques pelos borgonheses, a população permaneceu
leal ao Delfim.
No Verão de 1425,
quando tinha treze anos e meio, Santa Joana começou a ouvir vozes. Inicialmente,
Joana referiu que apenas ouvia uma voz sussurrar, como se alguém falasse muito
perto dela, tendo posteriormente referido que, a acompanhar essa voz, havia
também uma luz, tendo Santa Joana reconhecido nessa luz, São Miguel, Santa
Margarida e Santa Catarina. Apesar de Santa Joana nunca ter falado muito sobre
as vozes nem como as reconheceu, disse no seu julgamento que as tinha visto tal
como estava a ver as pessoas que a julgavam.
Muitos foram os esforços efectuados por historiadores
racionalistas para explicar a origem das vozes. M. Anatole France explica as
vozes como sendo o resultado de uma exaltação histérica, imaginada por Joana por
influência do seu confessor, combinada com uma profecia que falava de uma
donzela, do bosque de Chenu, que por um milagre salvaria França. No entanto, a
base desta análise foi colocada por terra por historiadores não católicos que
referiram não existir qualquer prova de aconselhamento por parte do seu
confessor, antes pelo contrário. Para além de que foram as vozes que criaram o
estado de euforia e de exaltação nacional e não a exaltação que precedeu
as vozes.
Santa Joana referiu que as vozes lhe diziam que se devia
apresentar ao Delfim e comunicar-lhe que Deus a enviava a fim de anunciar o Seu
auxílio, para expulsar os ingleses do território francês. Aos 16/17 anos,
Jehanne conseguiu ir a Vaucouleurs, cidade vizinha de Domrémy. Recorreu a
Robert de Baudricourt, capitão da guarnição de Armagnac, tendo-lhe solicitado
uma escolta que a levasse até ao Delfim. Após algumas tentativas sem sucesso, Santa
Joana conseguiu que lhe fossem concedidos seis homens para a acompanharem até
Chinon. Ao chegar à corte, Joana, sem nunca ter visto o rosto do Delfim,
identificou-o e confidenciou-lhe um segredo que nunca revelou mas que o
convenceu a ouvi-la.
Para além do segredo, Santa Joana disse-lhe também que a sua
missão era libertar, do controlo inglês, a cidade de Orleães e conquistar Reims
para que ele, o Delfim, pudesse ser coroado. O Delfim pediu que Santa Joana
fosse sujeita a um inquérito eclesiástico que confirmou a sua virgindade e
realçou a sua inteligência e caridade. Santa Joana recebeu uma armadura branca
e mandou fazer três estandartes com as palavras "Jesu Maria"2.
Foi também nesta altura que Santa Joana encontrou a sua espada3. No
julgamento, Santa Joana referiu que encontrou a espada na igreja de Santa
Catarina de Fierbois, por detrás do altar, coberta de ferrugem, que foi
facilmente removida e que tinha cinco cruzes sobre ela. Com excepção destas
duas afirmações, não há mais informações sobre a espada, não se sabendo o seu
tamanho, o peso, a forma de sua lâmina, ou o desenho.
Joana acompanhada
pelo Duque de Alençon, então o responsável da armada francesa, iniciou a
caminhada até Orleães. Utilizando barcos, passou as linhas inglesas, conquistou
fortes ingleses, tendo sido ferida no peito (em acordo com as suas profecias) durante
a conquista do forte de Tourelles.
Após a conquista de Orleães, Joana iniciou a campanha do vale de
La Loire durante a qual contou com a ajuda de um batalhão de escoceses. Após a
conquista de Meung sur Loire e de Troyes, Santa Joana chegou a Reims, em cuja
catedral eram tradicionalmente coroados os reis franceses. Carlos, que
relutantemente tinha seguido Santa Joana até Reims, foi coroado rei de França a
16 de Julho, tendo ao seu lado Santa Joana, que orgulhosamente exibia o seu
estandarte.
Os testemunhos
referem que Joana era uma excelente estratega e uma excelente lutadora. Ao
longo da sua campanha, Joana moralizava os soldados e a população, tornando-os
unidos em torno de um objectivo: criar um país. Várias foram as histórias que
surgiram em seu torno e a sua fama rapidamente ultrapassou as fronteiras de
França, chegando também aos ingleses. Entre os ingleses a opinião sobre Joana
era contraditória. Os que acreditavam na santidade de Santa Joana e da sua
missão receavam participar em guerras com a França pelas consequências divinas
que poderiam sofrer, mas por outro lado muitos ingleses viam em Santa Joana
apenas uma bruxa que aconselhava o rei francês.
Santa Joana
sempre desencorajou o culto que se tinha desenvolvido à sua volta. No entanto,
muitos eram aqueles que a elogiavam e que a apoiavam, o que de alguma forma
ofuscava a importância e a atenção que Carlos exigia para ele e para a sua
corte, criando entre Joana e Carlos um certo mal-estar.
Depois da
conquista de Reims, Santa Joana manteve o desejo de expulsar em definitivo os ingleses de França. No entanto, Carlos estava interessado em estabelecer um
tratado de paz com os borgonheses que eram então aliados de Inglaterra. Após
várias tentativas de Santa Joana, o Rei concordou em tentar conquistar Paris, adiando
o tratado de paz com os borgonheses. A tomada de Paris iniciou-se 25 de Agosto.
No entanto, o ataque não teve sucesso e obrigou os franceses a recuar a 8 de
Setembro. Neste ataque Santa Joana foi ferida pela 4ª vez.
Depois desta
derrota, o exército francês manteve-se activo, efectuando vários ataques em
território dos borgonheses mas com pouco sucesso. À medida que o tempo passava, o Rei ia reduzindo a dimensão do exército, deixando a Santa cada vez mais
desprotegida, acabando por estabelecer tréguas com os borgonheses. Na Páscoa de
1430, a 16 de Abril, as vozes que Santa Joana ouvia disseram-lhe que iria ser
presa antes do dia 24 de Junho, dia de S. João, que deveria aceitar
humildemente a situação e que não deveria ter medo, pois Deus estaria com ela. A
23 Maio de 1430, Santa Joana foi capturada por Jean de Luxembourg em Compiegne
e mantida prisioneira durante 6/7 meses. Foi depois vendida a Pierre Cauchon,
bispo de Beauvais, tendo os ingleses pago um resgate equivalente a meio milhão
de dólares. Foi entregue ao regente inglês, Winchester, e levada para Rouen. Encarcerada, Santa
Joana lidou constantemente com a ameaça à sua integridade física e à sua
castidade.
Para os ingleses, a sua prisão e
julgamento eram a forma de mostrar que Santa Joana era uma herética, que não
era uma enviada de Deus, que a coroação de Carlos VII fora conduzida por uma
bruxa, não podendo, portanto, ser considerado o Rei legítimo de França, devendo
a coroa ser entregue ao Rei de Inglaterra, Henrique VI.
O seu julgamento iniciou-se em
Janeiro de 1431, por Pierre Cauchon, e terminou em 30 de Maio. Além de Pierre Cauchon estiveram também
presentes, como acusadores, Jean le Maistre, da Ordem dos Dominicanos, Jean
Gravenet, inquisidor, profundo conhecedor das escrituras, Thomas de Courceles,
reitor da Universidade de Paris, dois frades mendicantes, Martin Ladvenu e
Isembard de La Pierre. Muitos bispos e cardeais ingleses participaram no
processo. Na verdade, os acusadores faziam parte dos inimigos de Carlos VII. Ao
longo do julgamento procuraram provar que a “Donzela” era herege.
O processo inquisitorial teve um
carácter religioso e político. Teve um carácter religioso, porque procurou examinar os
fundamentos da fé de Joana, acusada, além de heresia, de bruxaria. De facto, Pierre
Cauchon pretendia mover contra ela um processo por crime de heresia, como eram
normalmente os processos da Inquisição. No entanto, as mulheres intimadas pela
Inquisição eram encarceradas nas prisões das dioceses e arquidioceses e
guardadas por outras mulheres. Mas Santa Joana foi encarcerada numa prisão
militar, o que demonstra o carácter político do julgamento e quanto o resultado
do conflito franco-inglês estaria dependente da sua condenação ou absolvição.
Se culpada, Carlos VII poderia ser acusado de recorrer aos serviços de uma
bruxa e de ser auxiliado pelos poderes maléficos da magia negra, perdendo o
trono.
No entanto, o objectivo do
processo foi desde o início bastante claro: provar que Santa Joana era culpada.
Entre 21 de
fevereiro e 17 de março de 1431, os religiosos interrogaram-na
diariamente, extraindo detalhes mínimos que pudessem incriminá-la. De 17 a 27 de
março de 1431 foram lidos e revistos os itens da acusação. Entre 23 e 29 de
maio de 1431 foi proferida a sentença, condenando Santa Joana a ser queimada em
praça pública.
Na Praça do Velho Mercado foi colocado
o palanque para a execução da pena, sendo referido que havia um poste encimado
pela inscrição: “Joana, que se fez conhecer pela Donzela, mentirosa,
perniciosa, abusadora do povo, adivinha, supersticiosa, blasfemadora de Deus,
presunçosa, descrente na fé de Jesus Cristo, jactante, idólatra, cruel,
dissoluta, invocadora de diabos, reincidente, apóstata, cismática e herética.”
Os ingleses fizeram
desaparecer as suas cinzas, que foram atiradas ao rio Sena, de cima da “Ponte
Mathilde” (onde actualmente existe um marco referencial decorado com flores).
Cerca de 25 anos
depois, o processo de nulidade, aberto sob a autoridade do Papa Calixto III,
declarou nula a condenação (7 de Julho de 1456; Pnul, II, p 604-610). Este
longo processo que recolheu o depoimento de testemunhas e juízes, todos
favoráveis a Joana, trouxe à luz a inocência de Santa Joana e a sua perfeita
fidelidade à Igreja.
Ao longo dos tempos muitas foram as referências favoráveis e
desfavoráveis a Santa Joana. Shakespeare tratou-a como uma bruxa; Voltaire
escreveu um poema satírico, ou pseudo-ensaio histórico, que a ridicularizava,
intitulado «La Pucelle d´Orléans» ou «A Donzela de Orléans». No entanto, depois
da Revolução Francesa, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena
que jamais desistiu do retorno do rei. Joana foi recuperada pelo historiador
romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a
heroína da sua peça de teatro "Die Jungfrau von Orléans", publicada
em 1801.
Em 1870, quando a França foi
derrotada pela Alemanha - que ocupou a Alsácia e a Lorena - Santa Joana
tornou-se a heroína do sentimento nacional levando a que ainda no séc. XIX surgisse
a ideia da canonização. Através de Monsenhor Dupanloup, bispo de Orleães, em 1909, a
Igreja Católica francesa propôs ao Papa Pio X a sua beatificação. Em 9 de maio
de 1920, cerca de 500 anos após a sua morte, Joana d'Arc foi definitivamente
reabilitada, sendo canonizada pelo Papa Bento XV. A canonização traduzia o
desejo da Santa Sé de estender pontes para a França republicana, laica e
nacionalista. Em 1922 foi declarada padroeira de França.
A vida de Santa Joana está bem documentada, nos cinco volumes que
transcrevem os documentos oficiais do julgamento, editados por Etiénne Quicherat, e na biografia escrita por Mark Twain,5 que considerava Santa Joana "a
pessoa mais extraordinária que a raça humana já produziu" ("Santa
Joana d'Arc", em Collected Tales, Sketches, discursos e ensaios, vol. 2). Actualmente,
há cerca de 20.000 estátuas públicas, 800 biografias históricas, 52 filmes,
centenas de peças de teatro, romances e uma ópera composta por Verdi,
"Giovana d'Arco".
Em termos históricos, podemos
sempre questionar se as acções de Santa Joana foram decisivas para a resolução
da guerra dos 100 anos. Sobre este assunto Eduoard Perroy, historiador laico que se
dedicou à história da Guerra dos Cem Anos, sugere, por um lado, que a influência de Santa Joana sobre o desfecho
da guerra foi reduzida, uma vez que a guerra dos Cem Anos apenas veio a
terminar mais de trinta anos após a execução de Santa Joana. Mas por outro lado,
Eduoard Perroy também escreve que Santa Joana deixou para trás um conjunto de
acções que nenhum julgamento pode apagar. Pela primeira vez o domínio militar
dos Lancaster foi travado. Conseguiu dar prestígio ao Delfim que até à coroação
era visto como um falhado. Conseguiu unir o exército e a população em torno de
um objectivo comum: um País, a França.
Facto é que nos
dias de hoje Santa Joana permanece como um modelo de virtude realçando a
importância da obediência, da humildade, da castidade, da coragem e da
confiança.
Anália Carmo
Deividi Pansera (selecção tema musical)
1 Os conflitos internos vinham a agravar-se desde 1380, quando da ascensão ao trono de Carlos VI (da casa de Valois), então com 12 anos
de idade. Devido à menoridade de Carlos VI, a
regência ficou entregue a um conselho chefiado pelos seus tios Luís
I, Duque de Anjou; João, Duque de
Berry (1340-1416) e Filipe, Duque da Borgonha, tendo
Carlos VI assumido o poder depois dos 20 anos. Após ter assumido o poder, Carlos
VI começou a manifestar distúrbios mentais que se caracterizavam por crises de
demência, sendo nessas alturas auxiliado pelo seu irmão mais novo Luís I de Valois, que
Carlos fez Duque de Orleães em
1392. Os últimos anos do seu reinado foram caracterizados por disputas internas
que culminaram com o estabelecimento de uma aliança entre Filipe III da
Borgonha, o Bom, e os ingleses. Em 1415, o rei Henrique V de
Inglaterra invadiu a França e dizimou o seu exército na batalha de Agincourt.
Com o rei praticamente demente, os borgonheses e os ingleses impuseram aos
demais franceses o Tratado de Troyes (1420), pelo qual a filha do rei
francês, Catarina de Valois, casou com Henrique V da
Inglaterra (1387-1422), garantindo o trono francês para um descendente do novo
casal real, deserdando o Delfim Carlos, seu filho. Quando em 1422 Carlos VI morreu, tanto Henrique VI de Inglaterra como
o jovem Delfim Carlos foram proclamados reis de França. Os apoiantes do Delfim invocavam
a instabilidade mental do seu pai como causa para a assinatura do tratado,
declarando-o nulo e considerando o delfim o único legítimo soberano da França4 . Porém, cerca de dois terços do reino obedeciam
ao rei inglês, entre os quais Reims, em cuja catedral os reis de França
eram tradicionalmente coroados.
2 Na
realidade há evidências históricas de que Joana D'Arc tinha três tipos diferentes
de estandarte: dois que usava nos campos de batalha; um de grandes dimensões e
outro de dimensões mais pequenas, e um terceiro, usado para fins religiosos durante as orações da manhã e da noite. Não há até hoje provas do conteúdo de
cada um dos estandartes; no entanto, sabe-se que as imagens eram todas do Novo
Testamento. Durante o seu julgamento, Joana referiu que o estandarte maior
retratava a última vinda de Jesus e o julgamento final. O autor do "Jornal do cerco a Orléans" refere que o estandarte mais pequeno
apresentava a imagem da Anunciação. E, no testamento, o padre Pasquerel
testemunhou que a imagem da crucificação estava no estandarte utilizado para as
horas de oração. No entanto e apesar destas descrições não se sabe exactamente
quais as cores nem dimensões de cada um dos estandartes. Para mais informações
sugerimos a consulta do site: http://www.stjoan-center.com/j-cc/
3
A origem remota da espada não é conhecida. Existem, no entanto, várias lendas referindo
que a espada tinha pertencido a Charles Martel, avô de Carlos Magno, que
derrotou os sarracenos na batalha de Tours, em 732 dC, travando a invasão
muçulmana da Europa. Uma das lendas refere que Charles Martel havia fundado a
Igreja de St. Catherine de Fierbois, e que ele tinha enterrado secretamente a sua
espada para a próxima pessoa a quem Deus escolheria para salvar a França. A
outra lenda refere apenas que ele tinha deixado a espada como uma oferenda a
Deus após a vitória em Tours.
4 De realçar que, na guerra dos Cem Anos, se voltaram a
usar bestas, proibidas pela Igreja em 1139, no Concílio de Latrão, na guerra
entre cristãos. No
entanto, durante o papado de Avignon (1309-1377), a Igreja, refém de Filipe IV,
o Belo, manteve um silêncio sobre essa prática de artilharia, contribuindo, por
isso, para brutalidade observada durante a Guerra dos Cem Anos, sobretudo na batalha de Agincourt.
5 “Terminei
a minha história sobre Joana d’Arc”, diz o narrador De Conte, no último capítulo do livro de Mark Twain,
“essa criança maravilhosa, essa personalidade sublime, esse espírito que à
primeira vista não teve nem terá rival: a sua pureza sem qualquer objectivo
pessoal, sem egoísmo, sem ambição pessoal. Nela não se encontra disto qualquer
traço, por mais que se busque, e isto não se pode dizer de qualquer outra
pessoa que pertença à história profana.”
Regine Pernoud, Joan of
Arc, by Herself and Her Witnesses,
a Scarborough book reissue, 1982
http://www.catholic.com/magazine/articles/peasant-girl-to-battlefield-commander
Joan of Arc: The Warrior Saint by Stephen Richey (Praeger
Publishers)
http://www.theawl.com/2012/04/the-riddle-of-mark-twains-passion-for-joan-of-arc
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