segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Chesterton, defensor da Fé


     G. K. Chesterton disse em 1926, quatro anos depois da sua conversão ao catolicismo, que a Igreja é uma casa com centenas de portas e que não há dois homens que entrem nela pela mesma porta. A porta, todos nós o sabemos, é a “Porta da Fé”. E atravessar esta porta é percorrer um caminho que marca e dura a vida inteira, como afirma o Papa Bento XVI na carta apostólica Porta Fidei – A Porta da Fé -, de 11 de Outubro de 2011, pela qual se proclama o Ano da Fé que se iniciou a 11 de Outubro de 2012 e se prolonga até igual data de 2013.

     Se estivesse ainda fisicamente entre nós, Chesterton acharia estranho que fosse necessário que o Santo Padre proclamasse este, ou outro ano qualquer, como Ano da Fé. E por um motivo muito simples: todos os anos, desde o nascimento de Cristo, são anos da Fé. A actual era cristã, de aceitação universal mesmo pelo ateu mais convicto, o agnóstico mais empedernido ou o céptico mais distraído, não deixa margens para dúvidas. E é, diariamente, uma afirmação permanente da nossa Fé. Estamos, na Europa, na África, na Ásia, na América e na Oceânia, em 2013, ou seja, dois mil e treze anos se passaram desde o dia em que Deus se fez homem na pessoa de Jesus Cristo, como afirma a nossa Fé. É o nascimento do Deus Menino que continua e continuará a marcar toda a história da humanidade.

     2013, Ano da Fé. Como o foi 1922, o ano em que G. K. Chesterton recebeu o baptismo. Como o foi o ano de 1874, o ano em que nasceu. Como o foi o ano de 1936, o ano em que partiu para a Casa do Pai. Todos os anos, que são afinal anos da Fé, expressam a derrota do ateu, pois como disse o escritor colombiano, de raiz chestertoniana, Nicolás Gómez Dávila: “ O ateu se consagra menos a verificar a inexistência de Deus que a proibir-lhe que exista”.

     É claro que G. K. Chesterton, não obstante todos os anos serem anos da Fé, aplaudiria  com todo o vigor o anúncio papal de um Ano da Fé. E diria, como todos nós, que era um Ano da Fé reforçado, para lembrar aos esquecidos e distraídos a riqueza inultrapassável e perene da mensagem cristã. Repetiria também aquilo que disse um dia quando lhe perguntaram por que se tinha convertido à Igreja Católica. Aduziu então duas razões que convém lembrar, neste Ano da Fé reforçado. A primeira é porque só a fé católica tem uma verdade firme e objectiva que não depende da nossa aceitação pessoal para existir. E a segunda é que só através dela, e nela, nos conseguimos livrar dos nossos pecados. Duas excelentes razões que urge ter sempre presente neste ano do Senhor de 2013.

     Mas há ainda outro motivo para associar G. K. Chesterton a este Ano da Fé. Aquando da sua morte, em 1936, o cardeal Eugénio Pacelli, então secretário de Pio XI e futuro Papa Pio XII, de saudosa e grata memória, enviou ao cardeal Hinsley um telegrama, em nome do pontífice romano, em que dá a Chesterton o título de Fidei Defensor, Defensor da Fé. Este título já tinha sido dado por Leão X a Henrique VIII, antes de este monarca se ter revoltado contra a Igreja Católica. É agora outorgado postumamente ao grande escritor inglês que, pela sua vida e a sua obra, continua e continuará a ser, para todos nós, e ainda mais neste Ano da Fé, um autêntico e verdadeiro Fidei Defensor, Defensor da Fé.

                             ANTÓNIO  LEITE  DA  COSTA
 

Sem comentários:

Enviar um comentário