domingo, 2 de setembro de 2018

Uma Canção de Casamento




Porque lamentar o tempo que passa

Se viajamos juntos?
Arrendados os céus, de cabo a rabo
Apenas tempo ventoso,
As grandes estrelas em desgraça caídas
Apenas um aguaceiro primaveril,
E devemos anotar a trombeta do destino
E ouvir o canto do rouxinol.



Transgredimos com sorte e arte,
Setas correm como chuva,
Se fores atingida, se eu for atingido
Outro fica para replicar.
Se fores amiga, se eu for amigo,
Em ambos reside a força,
O bom e o mau para passar,
Tu e eu para ficar.





Porque queixar-nos da saúde ou da doença
se viajamos juntos?
O fogo que em Sodoma cai
Apenas tempo abafado
Além da finalidade dos homens pertença
A nossa raça antiga, marcada com a morte
Lavaremos os pés no céu.
Aqueceremos as mãos no inferno.

Grandes batalhas veremos
Porque perdemos o norte.






Novos amigos faremos novas manias teremos
Por todo o lado situações extremas;
Os novos amigos passarão, serão renovados
Há uma verdade que não se afigura,
Que eu sou eu, que tu és tu
E a morte…um sonho da aurora.



Porque ligar à provocação ou ao laudo,
Se juntos viajamos?
Gelado o ar sem Deus o mundo
Mera invernia.
Se o inferno se elevasse, se o céu
Fosse azul, com demónios azuis
Tudo me é igual devia ter adivinhado
Quando eu sonho contigo.



Pouco me importam os orgulhos balofos,
De crenças mais frias que o barro;
Caminhos mais longos, um fim mais nobre
Esgrimar com nossas espadas, tomar partido
A minha dama hoje percorre.
Para onde toda a finalidade se larga
Quando caem as estrelas e se esconde a treva.
E Deus volta à carga.



Porque ligar ao riso e ao lamento
Se viajamos juntos?
Tempestades perfeitas do trono
Apenas tempo de tormento.
Para nós a última grande luta sobre a mesa,
Sobre planos finais,
Voltaremos e confirmaremos
O nosso amor pela paisagem inglesa.
G. K. Chesterton— Wine, Water and Song (1915)




Tradução: António Campos

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