Diz-nos
Chesterton que os habituais críticos do cristianismo não estão realmente fora
dele. Um rapaz que sempre viveu numa quinta, junto da sua casa e das suas
vacas, numa qualquer montanha da Europa ou da América, tem uma outra perspectiva
da sua própria quinta, ao avistá-la de uma montanha, suficientemente
distanciada para ainda a vislumbrar, embora quase não divisando a sua própria
casa. A casa e a quinta, grandes demais para poderem ser observadas pelo olhar
de perto, estão agora, observadas de longe, visíveis na montanha de que fazem
parte. Perde o pormenor, mas ganha o contexto onde está inserido. Reganha o
amor pela sua casinha ao vê-la assim ao longe, aparentemente frágil e
pequenina. Há católicos que descobrem a sua casa sem nunca chegarem a sair, há
outros que, recusando a sua casa, como primitiva e vulgar, a ela retornam
depois de dela saírem.
Pois precisamente os críticos do cristianismo, pertencem à civilização a que o cristianismo serve de matriz, mas no caminho do afastamento de casa, caíram numa garganta entre as duas montanhas e deixaram de divisar a sua quinta de origem. Estes homens encontram-se em terreno controverso, duvidam das suas próprias dúvidas. Começam por endeusar a razão, mas ao intuir que se chega à Fé pela Razão, iniciaram o processo de desacreditar a Razão. A escola desconstrucionista francesa e a escola da teoria da crítica do cristianismo de Frankfurt, neomarxista, negam o valor da razão dizendo tratar-se de uma elaboração judaico-cristã. Negam a possibilidade de atingir a verdade. Negam o Bem e o Mal. Negam a liberdade de escolha. O seu dogma é frio, despersonalizado, cruel, niilista, vazio, nada...
Pois precisamente os críticos do cristianismo, pertencem à civilização a que o cristianismo serve de matriz, mas no caminho do afastamento de casa, caíram numa garganta entre as duas montanhas e deixaram de divisar a sua quinta de origem. Estes homens encontram-se em terreno controverso, duvidam das suas próprias dúvidas. Começam por endeusar a razão, mas ao intuir que se chega à Fé pela Razão, iniciaram o processo de desacreditar a Razão. A escola desconstrucionista francesa e a escola da teoria da crítica do cristianismo de Frankfurt, neomarxista, negam o valor da razão dizendo tratar-se de uma elaboração judaico-cristã. Negam a possibilidade de atingir a verdade. Negam o Bem e o Mal. Negam a liberdade de escolha. O seu dogma é frio, despersonalizado, cruel, niilista, vazio, nada...
“Os
habituais críticos do cristianismo não estão realmente fora dele. Encontram-se
em estado de reacção contra a tradição religiosa. Não conseguem ser cristãos
nem deixam de ser cristãos de uma vez por todas. Continuam a viver à sombra da
fé, mas perderam a luz da fé. O anti-clericalismo destes homens transformou-se
numa atmosfera; uma atmosfera de negação e de hostilidade da qual não conseguem
escapar: Queixam-se de que os eclesiásticos andam vestidos de eclesiásticos,
como se fôssemos muito mais livres se os polícias que nos seguem ou nos apanhem
andassem vestidos à paisana. Dizem que os altares são púlpitos de cobardes, por
não se poderem interromper as homilias, mas não dizem o mesmo dos editores dos
media, que seleccionam notícias, as truncam, ou ignoram, os “gate-keepers”. Um
padre pode ser pontapeado ao sair da missa, mas esses editores que se escondem
no anonimato, não. Publicam notícias idiotas a dizer que as igrejas estão
vazias, sem irem ver quais as que estão realmente vazias. Sempre foram arautos
da paz mundial, mas as suas ideias inumanas conduziram a humanidade à guerra e
ao genocídio.
Ora,
a melhor relação que podemos ter com o nosso lar espiritual é vivermos
suficientemente perto para o amarmos. A segunda melhor, porém, é vivermos
suficientemente longe para não o odiarmos. O melhor juiz do cristianismo é um
cristão, o segundo melhor juiz será, por exemplo, um confucionista. O pior juiz
é o cristão mal formado, que gradualmente se transforma num agnóstico mal
disposto, enredado até ao fim numa batalha cujo começo nunca compreendeu,
afectado por um tédio hereditário, já fatigado de ouvir o que nunca ouviu.” Chesterton
in O Homem Eterno.
Chesterton
diz-nos que São Francisco Xavier não conseguiu popularizar a Igreja Católica no
Oriente, em parte porque foi acusado por outros missionários de ter
representado os doze apóstolos com fatos e atributos chineses. E remata que é
melhor serem julgados como chineses do que serem destruídos por iconoclastas
como ídolos sem feições. Diz ainda que não pretende, como Francisco Xavier,
dar-lhes a aparência de nativos, mas sim a aparência de estrangeiros. O que
pretende destes críticos é que julguem a Igreja com o mesmo tipo de
neutralidade com que julgam um pagode chinês. Que tratem os santos cristãos com
a mesma neutralidade com que tratam os sábios pagãos.
“Estes
críticos iconoclastas não são imparciais, pois o mundo está em guerra para
saber se uma determinada coisa é uma superstição devoradora ou uma esperança
divina. Ser imparcial é ter vergonha de dizer sobre o Lama do Tibete o que
estes críticos dizem sobre o Papa de Roma; é não ter por Voltaire o mesmo ódio
que eles têm pela Companhia de Jesus. É preferível passar por uma igreja como
se se tratasse de um pagode do que permanecer eternamente no adro, sem conseguir
entrar e sentar-se, ou sair e esquecer-se.” O
Homem Eterno
É
pelo facto de não se colocarem à distância que os críticos não se apercebem
deste distanciamento. É por não estarem a olhar para as coisas com uma luz fria
que não se apercebem da diferença entre o preto e o branco. É por se
encontrarem num espírito de reacção e revolta que têm uma motivação para
considerar que o branco é um cinzento e que o preto não é tão preto como o
pintam.
“Encontram
por toda a parte as gradações cinzentas do crepúsculo, porque estão convencidos
de que se trata do crepúsculo dos deuses. Seja ou não o crepúsculo dos deuses,
não é certamente o dia claro dos homens.” Chesterton, O Homem Eterno
“É
muito provável que aquilo que súbita e enfaticamente nós descobrimos em livros
científicos e em revistas de filosofia, eles tenham absorvido e vivido há
milhares de anos, quando faziam sacrifícios humanos em florestas negras e
cruéis, em que invocavam os seus deuses na escuridão. O seu agnosticismo é,
provavelmente, mero paganismo. O seu paganismo, como em tempos remotos, é mera
adoração pelo demónio. Decerto Schopenhauer não
poderia escrever o seu ensaio odioso sobre as mulheres se não pertencesse a um
país que esteve em tempos cheio de escravos e de rituais do demónio. É possível
que estes modernos nos andem a enganar, pela dissimulação. Que escondam no seu
palavreado científico coisas que eles já conheciam antes da ciência ou da
civilização.” Chesterton prefaciando Criaturas
que já foram Homens
António Campos
12
de Maio de 2010, Fátima
A
vinda de Bento XVI a Portugal levantou entre muitos portugueses um
aparentemente fundado receio quanto à sua popularidade e sucesso. Era uma quarta-feira,
dia de trabalho, os portugueses não têm fama de literatos, embora tenham uma
longa tradição de grandes escritores. Ao contrário,
Ratzinger tem muitas das características do seu povo de origem, uma grande
intelectualidade e uma certa timidez, embora esteja isento das piores,
sobretudo do orgulho. Decidimos ir a Fátima por fé e por amor da sua pessoa. As
cem mil pessoas na noite de 12 de Maio e depois na manhã de 13 de Maio foram
para nós um espanto. Particularmente no dia 12, as claques de jovens,
portuguesa e espanhola, cantando ao estilo britânico, como se estivessem em
Wembley, de ambos os lados da capelinha das aparições. Que motivava tantos
jovens? Certamente não tinham ido ver o Barcelona nem os Coldplay…É muito
intrigante ou, como diria Chesterton, é um espanto!
Partimos depois da missa da
meia-noite para retornar na manhã seguinte. As mãos cheias de nada, o coração
cheio de tudo. Na nossa mente sem nada temer, pois o nosso mundo é cheio de
cor, de prados floridos, do sorriso das crianças. E quando o nosso comboio
chegar, partiremos com alegria de volta à casa do Pai. Até lá, continuamos
intensamente espantados, e até intrigados, por encontrar a Igreja Católica,
“dois mil anos depois, avançando em direcção ao futuro como um raio alado do
pensamento, com entusiasmo eterno, uma coisa sem rival nem semelhante, que
continua a ser tão nova como é antiga.”- Chesterton
Anália
do Carmo
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