De um ninho onde nascera
E de véspera lançara
Medo sobre os reis da terra.
A primeira
árvore onde poisou
Era verde de
folhas perenes;A segunda árvore em que poisou
Era vermelha
com maçãs vermelhas;
A terceira
árvore onde poisou
Era estéril,
acastanhadaExcepto por um morto nela pregado
Desde então numa colina sobranceira.
Nessa noite
os reis da terra estavam alegres
De taças e
cálices cheios;
Na noite de
véspera estavam gelados
Com medo de
um homem nu."Se ele continuasse a conversa", disseram,
"O
escravo seria mais do que o homem livre;
Se ele
dissesse mais um par de palavras", disseram,
"As
estrelas ficavam debaixo do mar."
Disse o Rei do Leste ao Rei do Oeste,
"Eu sentia que nos olhava com severidade,
Olha, matemo-lo e façamo-lo esterco,
E rapidamente o esquecerão."
Disse o Rei
do Oeste ao Rei do Leste,
"Eu
senti medo com o seu sorriso,
Nã,
matemo-lo e façamos dele deus,
Convém-nos
um deus morto."
Mandaram
esse jovem para uma colina
E
pregaram-no num madeiro;
E no meio de
trevas e de sangue
Para eles
fizeram um deus.
E a última
palavra não soou,
E o mundo
ficou sem marca
E o melhor
dos filhos de homem
Foi-se mudo,
na escuridão.
E vieram os
cânticos e as harpas,
Incenso,
ouro e mirra,
E elevaram
sobre os Serafins
O pobre
carpinteiro morto."Tu és o príncipe de todos", cantaram,
"Da terra, do ar e do mar."
Foi então
que o passarinho voou para a cruel cruz
E se
escondeu nos cabelos do morto.
"Tu és
o filho do mundo", gritaram,
"Fala,
se as nossas orações forem atendidas."
O pássaro
castanho agitou-se no cabelo
Dando a
impressão de que o morto se mexera.
Ouviu-se um
guincho tal como do mundo o último grito
De todas as
nações debaixo do céu
E um senhor
caiu perante o escravo
E suplicou
pelo perdão.
Acovardaram-se,
ao contemplar os seus olhos reabertos
A antiga ira
por vir;
O pássaro
voou do cabelo do Cristo morto,
E pousou num
limoeiro.
G. K. Chesterton, A Balada dos Que Constroem Deus
Tradução idiomática: António Campos
Nota: naturalmente dedicado a todos os filósofos da
sexta-feira especulativa, porque o homem não pode mais. E um agradecimento
profundo aos monges copistas que evitaram a perda dos escritos clássicos e
permitiram a estes filósofos modernos retornarem ao patamar dos gregos: a sexta-feira
especulativa – um agradecimento que eles próprios nunca tiveram a grandeza de
fazer.
"Tu és o príncipe de todos", cantaram,
ResponderEliminar"Da terra, do ar e do mar."