segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Notícias de G.K. Chesterton



Um dos maiores mistérios do casamento é que um homem completamente inútil como eu possa ser por momentos indispensável.



A publicação suiça L’Écho Magazine dedicou, pela pena do seu redactor-chefe, Patrice Favre, o seu último editorial à possível beatificação de G.K. Chesterton. Um eco chestertoneano particularmente bem-vindo e que demonstra mais uma vez o excelente acolhimento que tem esta notícia. Com toda a justiça, Patrice Favre de facto realça:

Há algo de intrigante na sobrevida de Chesterton. Os seus livros, que ele qualificava, com alguma ironia, de informes e amadores, exigem um certo esforço para serem apreciados. A sua apetência pelos paradoxos, que o levou a dizer que as mulheres são demasiado nobres e inteligentes para perderem o seu tempo com a política, enfureceu as feministas. Mas existe nele algo do cristão que o nosso tempo necessita.

Existem de facto muitos elementos em Chesterton- pensemos na sua gratidão perante a vida e na saúde moral exuberante de que foi sempre testemunha, apesar de uma existência afectada também ela pelo sofrimento e pelas dificuldades1 - de que hoje bem necessitamos.


Deixemos a palavra ao redactor-chefe da L’Écho Magazine:

Eis agora! A notícia da agência Zénit de 8 de Agosto anuncia que Mons. Peter Doyle, bispo de Northampton, Inglaterra, abriu a investigação conducente à beatificação de Gilbert Keith Chesterton (1874-1936). Este jornalista, que foi um interlocutor brilhante e temido, inventor do padre detective, Padre Brown, deixou dezenas de livros que não se encontram em francês. Após alguns anos, um site permite aos francófonos o acesso a este homem que La Croix apresentou em 2010 como «um cavaleiro da fé, tipicamente inglês na sua cultura, nas suas referências, no seu humor».É verdade que um inquérito pedido por um bispo ainda não é uma auréola. Ainda não é amanhã que veremos a imagem formidável deste gigante nos altares, algo que o deixaria decerto feliz.


Cortesia de Amis de Chesterton, tradução para o português: António Campos. Revisão e notas: Anália Carmo.


1 Nota dos editores da Sociedade Chesterton Portugal: Chesterton casou contra a vontade dos pais e da sogra. A sua cunhada e o seu irmão nunca gostaram de sua mulher e sempre mantiveram com ela mau relacionamento. Não puderam ter filhos. Chesterton assistiu à morte de sua irmã de 8 anos, aos 3 anos de idade, e à péssima reacção do seu pai; à morte da sua cunhada, irmã de Frances; à morte do seu irmão. A sua mulher teve várias crises depressivas e outras doenças. A sua esgotante digressão na América 2, em 1930 e 1931, deixou-o sem grande rendimento porque uma depressão intercorrente de sua mulher e o respectivo cancelamento de conferências obrigou-o a indemnizar o seu promotor praticamente no mesmo montante que havia recebido. Ainda assim, sempre interrompeu o seu trabalho para assistir a sua mulher, tendo escrito a John O’Connor que era nessas alturas que percebia melhor as suas limitações e a sua utilidade:

“Um dos maiores mistérios do casamento (que não poderia deixar de ser um sacramento e um muito extraordinário) é que um homem completamente inútil como eu possa ser por momentos indispensável. E a maior singularidade, que convido a que você explique em termos místicos, é a de que um homem nunca se sente tão pequeno como quando ele sente que é verdadeiramente necessário. Você compreende este rabisco, duvido que mais alguém perceba.”





2 Montréal, Toronto, Indiana, Pittsburgh, Philadelphia, Cincinnati, Cleveland, New York, Chicago, Detroit, Madison, Portland, Vancouver, San Francisco, Los Angeles. 
Doutor honoris causa em Indiana, New York, Pittsburgh, Philadelphia, Montréal. 
Nomeado “Grande Homem do Século” em Philadelphia.



Sem comentários:

Enviar um comentário